"Busquei o diálogo, mas fui humilhada. Saio agora para não dizerem depois que fui oportunista"
A três dias da eleição que irá definir quem será o próximo prefeito de Cuiabá e se dizendo menosprezada pela direção estadual do PT, a ex-senadora Serys Slhessarenko anunciou sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores, do qual fez parte por 23 anos.
Serys ainda declarou que irá votar em Mauro Mendes (PSB), adversário de Lúdio Cabral (PT) na disputa para o cargo de prefeito.
"Tentei até agora [ficar no partido]. Aguentei até onde pude. Busquei o diálogo, mas fui humilhada, deixada de lado. Saio agora para não dizerem depois que fui oportunista. Não dá mais, infelizmente”, afirmou Serys, visivelmente emocionada, em entrevista. Sua saída ocorre um dia depois da visita do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Cuiabá.
Na semana passada, após a desfiliação de 200 membros do PT em Cuiabá, Serys chegou a anunciar que não sairia da legenda.
Ela disse que, nesse momento, irá ficar independente, mas não descartou a possibilidade de apoiar Mauro publicamente. “Se ele vier conversar, irei”.
A equipe de marketing do empresário esteve presente durante toda a coletiva de imprensa concedida pela ex-senadora, no Plenarinho da Câmara dos Vereadores.
Serys afirmou que as relações com a direção estadual do PT ficaram mais estremecidas após ter a sua candidatura à reeleição ao senado em 2010 minada, devido a divergências com o grupo liderado pelo deputado estadual Alexandre César e pelo ex-deputado Carlos Abicalil.
“Não me deixaram ser candidata. Fui a primeira senadora da história de Mato Grosso, presidi o Congresso por mais de um mês, durante a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, fui eleita a oitava melhor senadora, dentre um grupo de 81 senadores. Terminei o meu mandato muito bem avaliada e, mesmo assim, não tive o direito de ser candidata”, desabafou.
Na ocasião, o PT estadual decidiu pela candidatura de Carlos Abicalil, que acabou derrotado.
Campanha de Lúdio
Serys informou que sempre teve uma boa relação com Lúdio, apesar de ele fazer parte do grupo de Abicalil e Alexandre.
A ex-senadora contou que, em meados de agosto, recebeu um telefonema de Lúdio, sendo convidada pelo vereador para participar da campanha dele a prefeito.
“Disse que estava disposta a participar, mas que antes precisaria conversar com Abicalil e Alexandre César, pois achava que deveríamos resolver algumas diferenças. O Lúdio concordou, disse que também não gostava do racha e avisou que voltaria a me ligar. Estou esperando a ligação até hoje”, afirmou.
A ex-senadora, porém, acredita que a sua saída não enfraquecerá a campanha do petista. "Já está muito em cima. As pessoas já se decidiram", minimizou.
Ela contou que, desde 1996, é hostilizada por uma parte do PT.
“Naquele ano, trouxeram o Delúbio Soares [ex-tesoureiro do PT e réu no processo do Mensalão] para votar, durante uma convenção, contra a minha candidatura à Prefeitura de Cuiabá. Não fui a escolhida justamente por um voto”, disse.
Em 2006, a ex-senadora afirmou que o grupo de Abicalil e Alexandre “armou” contra ela, tentando associá-la ao escândalo da “Máfia das Ambulâncias”.
“O partido me isolou completamente. Isso é discriminação. Não me deixaram participar da campanha do Lúdio. O PT em Mato Grosso não gosta de mulher na política”, disparou.
Questionada se a afirmação de machismo no grupo de Lúdio teria alguma relação com o episódio do “beijo”, potencializado pela campanha do PT para insinuar que Mendes “desrespeita as mulheres”, Serys se esquivou. “Aquilo foi uma brincadeira”, afirmou.
Serys se filiou ao PT em 1989. Deputada estadual por três mandatos, a ex-senadora foi uma das principais figuras do partido.
Nestas eleições, ela atuou mais no interior do Estado, pedindo votos para candidatos do PT.
Em Cuiabá, ela chegou a aparecer nas inserções na TV do sindicalista Arilson da Silva, um dos 25 vereadores eleitos para a Câmara.
"O Partido me isolou completamente.
Isso é discriminação.
Não me deixaram participar da campanha do Lúdio.
O PT em Mato Grosso não gosta de mulher na política"
Fonte: HELSON FRANÇA/ DA REDAÇÃO
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