A reunião do projeto Voto Limpo, realizada na noite desta quinta-feira (16/08), no bairro Santa Laura, em Cuiabá, foi marcada por brincadeiras para demonstrar que não é tão difícil assim exercer a cidadania por meio da participação na vida política da comunidade.
Cerca de 90 jovens e adultos, estudantes do ensino médio noturno da escola Estadual Maximiliano da Fonseca, participaram da audiência pública do projeto Voto Limpo, uma parceria entre o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, Ordem dos Advogados do Brasil, e Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). Esta é a quinta reunião realizada em bairros de Cuiabá.
O advogado Vilson Nery, membro do MCCE, fez a brincadeira do telefone sem fio. Ele falou ao ouvido do morador Cirilo a seguinte mensagem: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Cirilo passou a mensagem adiante, ao pé do ouvido de quem estava ao seu lado, e assim sucessivamente. Ao final da linha, o último participante ouviu: "Não sei, não sei, não sei".
O membro do MCCE advertiu. "Isso foi só uma brincadeira para descontrair. Mas na vida real, candidato que compra voto faz assim mesmo. Ele não presta atenção no que a gente diz, não presta atenção nas necessidades do nosso bairro. Nem quer saber dos nossos problemas. A gente diz: conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. E, depois de eleito ele diz: não sei, não sei, não sei".
O advogado do MCCE concluiu: "Então pessoal, a gente tem como detectar político corrupto. Às vezes a gente erra, elege alguém pensando que é sério e depois descobre que ele se corrompeu. Mas a gente vai aprendendo. Tem muito político honesto por aí. Vamos tentar identificar quem é quem. O candidato que chegar aqui prometendo emprego para todo mundo, vocês sabem que não tem como cumprir. E aquele que vier oferecendo dinheiro, ou ônibus para levar todo mundo para um passeio em Chapada, o qualquer outro benefício pessoal, isso é crime. Denunciem".
O presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/MT, advogado Sílvio Queiroz Teles, homenageou sua mãe, professora primária aposentada, com um exercício de cidadania. Em frente ao banner da Ouvidoria Eleitoral com o número do Disk Denúncia (0800 647 8191), ele convidou a professora de português da escola para conjugar, junto com todos os presentes, o verbo denunciar, no tempo presente. E então toda a comunidade repetiu em coro "eu denuncio, tu denuncias, ele denuncia, nós denunciamos ...".
Após a conjugação do verbo, e ainda sob o som dos aplausos ao advogado e à professora, os servidores da Justiça Eleitoral distribuíram o folder da Ouvidoria Eleitoral, com o número 0800, que aceita inclusive ligação de celular sem crédito.
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Rui Ramos Ribeiro, fez uma análise histórica da democracia no Brasil para mostrar aos moradores do bairro Santa Laura que as mudanças acontecem quando o cidadão decide participar da vida política do seu município ou de seu país. "Participar da vida política é uma obrigação. Não dá para ficar de fora. Porque é a política que decide o preço do arroz, do feijão, da carne, da passagem do ônibus. Não dá para deixar que outras pessoas decidam tudo por você".
Ao falar da necessidade do voto consciente, pensado e limpo, o desembargador fez um alerta aos moradores do Santa Laura. "Voto é sinônimo de qualidade de vida no futuro, para melhor ou para pior, só depende de você". E fez um desabafo: "Não dá mais para agüentar tanta corrupção. Ninguém agüenta mais".
As palavras do desembargador foram endossadas pelo coordenador do MCCE em Mato Grosso, Antônio Cavalcante, o Ceará. "Acho importante o exercício pleno da cidadania. Ela tem que ser exercitada todos os dias, 365 dias por ano, não apenas no momento de votar. Não podemos simplesmente escolher um representante e depois deixar de cobrar as promessas de campanha. Exercer a cidadania é cobrar, participar. Se eu conseguir passar essa idéia, para mim está encerrada a minha missão aqui".
Fonte: Assessoria de Comunicação Tribunal Reg. Eleitoral de MT