Um homem simples, com um único propósito: administrar para o bem comum. Estar à disposição de quem o elegeu para ser o portador da “chave” da cidade. Assim pode ser conhecido o prefeito do município de Aripuanã-MT, Carlos Roberto Terremocha, um gestor de origem simples e comprometido com seus princípios familiares e éticos. Beto, popularmente conhecido na região, concedeu entrevista exclusiva a Revista da SMEC, e na oportunidade fala sobre os desafios, conquistas e oportunidades para o povo. Confira!
Revista: O que o levou a tomar a decisão de candidatar-se a prefeito?
Carlos R. Terremocha (Beto): Sou um cidadão aripuanense e percebi que poderia fazer algo diferente por esta cidade, pela qual tenho um carinho especial. Surgiu a oportunidade de ser candidato e aceitei o desafio. Até porque, ser prefeito nos dias de hoje é assumir um grande desafio. Tenho tentado, no dia a dia fazer um bom trabalho.
Revista: Já que administrar é considerado um desafio, qual foi o maior desde que tomou posse, em janeiro de 2009?
Beto: Foram vários. Primeiramente, a agricultura estava falida. Hoje é considerada decente, até porque, é a base do sustento para a vida da cidade. Nas áreas de saúde e educação conseguimos evoluir de forma considerável. As estradas, ação social e o turismo tem sido uma superação. Sabe-se que o município tem pouquíssimos recursos e é difícil trabalhar com estes mínimos repasses de todas as esferas administrativas. Falo sempre assim: quando alguém se torna candidato tem muita vontade de fazer, mas quando chega aqui dentro (prefeitura) percebe que é diferente e que a sua vontade não condiz com a realidade, com a disposição financeira do que se pretende realizar. Infelizmente!
Revista: Qual o seu diferencial na administração?
Beto: É preciso ser humilde e ter simplicidade na forma de administrar o que é de interesse da coletividade tendo um bom coração, de fato. Eu vejo como necessário olhar para todos desde o ‘pequeno’ ao ‘grande’ tratando todas as pessoas de um mesmo jeito. Não tem como diferenciar ninguém na minha administração. Ressalto o seguinte, quando tem o PODER nas mãos, isso sobe para a cabeça de muitos. Diferentemente de meu modo de pensar, pois atendo o branco, o negro, o pobre, o rico sempre da mesma forma. Jamais usaria a força do tal ‘poder’ para crucificar quem quer que seja.
Revista: Qual o projeto chave de seu Governo?
Beto: Não tenho um projeto específico. O que mais quero é que a cidade seja a portadora da atuação de vários segmentos, sobretudo na geração de empregos. Antes de assumir a prefeitura, parecia só ter o ramo madeireiro em atividade. Depois, foi instalada a Usina Hidrelétrica de Dardanelos, ampliando centenas de oportunidades de trabalho. Mas, com o passar do tempo, o setor da agricultura familiar foi fortalecido, o que também favoreceu a implantação do Programa Luz para Todos. Tudo isso foram conquistas e graças a Deus estamos conseguindo fazer. Eu tinha a visão que era possível deixar de ser exclusivamente conhecido por causa da extração da madeira e isso esta sendo superado a passos lentos, pois não dá para mudar nada da noite para o dia. Destaco que tudo isso vem sendo realizado com parcerias. Lembro sempre que, um mandato de quatro anos não é o suficiente para fazer tudo o que se planeja, mas dá para começar a fazer algo para o bem de todos. O que adianta ter uma cidade linda e maravilhosa, e população pobre e sem emprego?
Revista: Qual o maior investimento em sua gestão?
Beto: Investimos mais nas áreas da Saúde e Educação. Tínhamos 19 linhas de transporte escolar. Hoje temos 32. O hospital municipal foi ampliado e criamos mais três PSFs (Programa de Saúde da Família) na cidade e interior. Investimentos na estrutura da cidade, estradas, pontes. A nossa gestão foi a que mais fez pavimentação na história do município. Estamos trabalhando em grandes obras, como por exemplo, o asfaltamento do aeroporto Aripuanã e recentemente inauguramos o Centro de Educação Continuada Dardanelos, uma conquista. Acredito que tudo isso pode ser visto como uma grande obra.
Revista: Quais suas frustrações como administrador? O que sonhava em realizar que foi inviável?
Beto: Não posso dizer que tenho. Tudo o que pretendemos realizar estamos trabalhando para colocar em prática. Lógico, que tem muito trabalho para isso, correr atrás. Como na vida tudo a gente precisa lutar para ter, vejo isso como aprendizado e experiência que estou adquirindo a cada dia.
Revista: Com pouco mais de um ano para o término de seu mandato, o que ainda não foi feito que ainda seja prioridade em seu Governo?
Beto: Eu pretendo ainda organizar melhor a cidade. Melhorar as estradas. Apesar da organização que já temos na área da saúde sabemos que ela precisa de mais. A estruturação da Avenida Osmar Demenek, portal de entrada da cidade. Um sonho da comunidade aripuanense e meu também que quero deixar pronto para outros mandatos.
Revista: Qual sua visão hoje da política?
Beto: A minha visão de política não mudou. Mas, a política mudou sim. Agora ela é muito séria. Antigamente, as pessoas do lado de fora viam de uma forma e ao entrar no ramo (como político ou servidor público), começam a ver a realidade na prática. Levo em conta que tem muita gente envolvida e trabalha de forma séria. Muitos entravam na política para ganhar dinheiro e hoje é o contrário. Quem entra precisa cumprir as Leis de Responsabilidades Fiscais e precisa dedicar a sua vida em prol do município.
Revista: O município de Aripuanã receberá repasses do Pré-Sal?
Beto: Não foi definido ainda se os royalties do pré-sal serão repassados aos municípios. Mas, acho que deveriam passar, pois os nossos são divididos para o Brasil inteiro. Fica uma grande parte com a União e uma parte para o Estado e uma pequena para o município. Então, eu sou de acordo que eles dividam o deles. Os nossos, por exemplo, com as usinas são repassados.
Revista: Qual a previsão de repasse da Energética Água das Pedras e a partir de quando começará a funcionar de fato?
Beto: Aconteceu muita coisa. Ainda falta muita coisa a serem feitos diante do previsto. Claro que tem coisas que estão sendo feitas, mas ainda deixa muito a desejar. Não sei dizer quando entrará em atuação.
Revista: Como pensa em repor perdas salariais dos profissionais da educação diante da inflação, já que nos últimos dois anos isso não ocorreu?
Beto: Aripuanã havia recebido um aumento no final de 2008 e ficou sobre a minha responsabilidade de gestão efetuar o pagamento. O valor chegou a 35% acima do piso salarial do Estado de Mato Grosso e por causa disso estávamos sofrendo. Muitos reclamam do não aumento, mas hoje o piso salarial é um dos mais alto do País. Agora que outras cidades estão conseguindo se igualar a nós, por exemplo, Juína. Eu sei que precisamos estudar a perca salarial destes e de outros profissionais. Claro que o professor precisa ganhar muito bem. A folha de pagamento é altíssima na Secretaria de Educação, estando acima da média. Antes eram cerca de 40 alunos na sala de aula, agora temos entre 20 a 30, seguindo recomendação do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Muitas vezes o município não consegue pagar da forma que gostaria, era para ser um investimento de 25% neste campo e na casa dos 50%. Com isso, aumentou a demanda e exigiu-se maior número de professores. Anuncio também que estou estudando para todos os servidores efetivos o Plano de Cargos e Carreiras (PCCs) para 2012.
Revista: Como gestor, como o Sr. vê a educação municipal? Esta superando a expectativa?
Beto: A educação cresceu muito. Estamos realizando diversos programas paralelos à educação, o que não acontecia na cidade. Contratamos profissionais nas áreas de fonoaudiologia, piscologia e outros. A merenda escolar sendo considerada uma das mais ricas em nutrientes, trabalhando em parceria direta com o produtor rural. As crianças hoje têm uma verdadeira refeição na escola ajudando o desenvolvimento e aprendizado dos alunos. A SMEC tem profissionais qualificados e com uma equipe atuante. Recebemos três prêmios consecutivos pelas ações da SMEC, sendo um dos municípios mais elogiados no Estado.
Revista: O transporte escolar só acontece com perfeição em parceria com outra secretaria. O que esta sendo feito para a viabilização desse direito aos estudantes para que possa ocorrer sem atropelos?
Beto: Nós estamos atendendo a demanda e sabemos como ela é grande. Eu sei mais do que nunca que nossas estradas tinham que estar 100% boas, pois com a quebra de um ônibus o prejuízo é bem maior e fica, como sempre, na responsabilidade da prefeitura. Nós estamos priorizando as linhas de transporte escolar do município com cascalhamento (ou outros serviços) com maquinários próprios. Precisamos informar que temos uma faixa de 2.800 km de estradas municipais e só realizamos uma média de 1.700 km. Quero lembrar que somente na minha gestão, já adquirimos 14 novos veículos, através do programa do Governo Federal, Caminho da Escola, melhorando assim a qualidade do transporte escolar cumprindo um compromisso feito.
Revista: Como o Sr. avalia os programas do MEC para a educação?
Beto: Era preciso uma melhora ou adequação. A exigência do MEC é grande, mas o que ocorre são muitas exigências e poucos recursos disponibilizados. Mas, os repasses deveriam ser feitos de forma diferenciada, de acordo com cada localidade. Por exemplo, um quilômetro de ônibus rodado em Cuiabá custa R$1,80 e aqui em Aripuanã custa até R$3,50. O Governo Federal e Estadual poderia repensar sobre os repasses fazendo-os de uma forma que pudesse ao menos se igualar ao que estamos investindo. Não conseguimos licitar o serviço aqui com o mesmo preço de uma região com vias pavimentadas.
Revista: Existe alguma parceria sendo viabilizada para cursos de qualificação da mão de obra local através de cursos técnicos?
Beto: Estou buscando vários cursos junto a Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia (Secitec) do Estado de Mato Grosso. Entre eles, Cursos Técnicos em Edificações, onde ao término o aluno poderá assinar projetos de até 150m², na área da Agroecologia e em Florestas, com dois anos de duração. O início está previsto para os meses de dezembro e janeiro. Além dos mais comuns, como de desoça de carnes, cabeleireiros, servente de pedreiros, e outros, com duração de 120 horas/aula. A previsão é já para o mês de agosto 2011. Acredito muito neles. Antes, para cada profissional formado tinha cinco técnicos do lado dele, hoje estamos em um por um. Sendo necessário ter todos. Revista: Além dos existentes, há a possibilidade de implantação de novos cursos de graduação? Quais seriam os mais viáveis e a partir de quando isso poderia se tornar uma realidade?
Beto: Estamos com um novo contrato com a Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) onde priorizamos a parte da educação. Implantaremos os cursos de Matemática, História e Geografia. Porque eu penso ser necessária a qualificação de professores e dar novas oportunidades às pessoas. Maior a capacitação terá melhor rendimento. Estes cursos já devem começar em 2011. Revista: Qual mensagem deixa aos leitores?
Beto: As nossas ações acontecem com transparência e queremos oferecer melhor a qualidade de vida a todos. Quero sempre valorizar a agricultura familiar, tornando-a mais forte e sustentável e valorizar os mais diversos seguimentos que proporcionam o sustento da cidade. Na Saúde, não conseguimos atender todas as demandas, mas estamos trabalhando para oferecer um bom atendimento a todos. Temos avanços que precisam ser reconhecidos. É cedo para cobrar, tudo o que planejamos não foi possível se concretizar em 2,5 anos, mas iremos tentar concretizar os seus sonhos.