“Hoje, é o Dia Nacional da Mulher”. Quando exclamo esta frase recebo como resposta: você está enganada, a data já passou, foi no dia 8 de março (homenagem as 129 operárias mortas em Nova York, em 1857, por lutarem por melhores condições de trabalho). Por que será que esta data em nosso país não é comemorada? A escolha deve-se, em especial, à mineira de Leopoldina - Jerônima Mesquita, que nasceu no dia 30 de abril de 1880.
Mas quem foi Jerônima Mesquita? Era a mais velha de cinco irmãos, o pai enviou a jovem para estudar na França, onde presenciou a luta das mulheres pela igualdade. Trabalhou como voluntária da Cruz Vermelha em Paris e Suíça quando eclodiu a I Guerra Mundial (1914).
De volta ao Brasil, em companhia das amigas Stella Duval e Bertha Lutz lutaram como ativistas pelos direitos das mulheres. Em 1919, Jerônima fundou o Movimento Bandeirante, que abre caminho para a participação das mulheres na sociedade. Tinham como atividades, aulas de primeiros socorros, enfermagem e puericultura. Elas usavam uniformes decorrentes da influência militar, assumindo uma aparência masculinizada.
Devido a sua dedicação por muitos anos ao bandeirantismo, foi condecorada com muitas honrarias. Entre elas estão o título de Oficial da Ordem Nacional do Mérito (Medalhas das Rosas), conferido pelo presidente da república; a primeira “Estrela de Honra no Brasil”, a maior condecoração bandeirante; e o Tapir de Prata, o maior distintivo escoteiro.
Na luta pelo direito do voto feminino, atuou no movimento sufragista em 1932, para que as mulheres acima de 18 anos votassem. Após esta conquista, Jerônima encampada por um grupo de ilustres mulheres como Bertha Lutz e Maria Eugênia lançaram o manifesto feminista em 1934.
Com o intuito de trabalhar em defesa da condição da mulher, cria em 1947, no Rio de Janeiro, o Conselho Nacional de Mulheres do Brasil (CNMB), organização cultural, não governamental. Lutou por várias causas,
Jerônima morreu em 1972, no Rio de Janeiro, onde morava. Pela sua destacada atuação em prol da assistência social, questões feministas e sufragismo, um grupo de 300 mulheres se mobilizou para que no Brasil tivéssemos o Dia Nacional da Mulher, data de nascimento de Jerônima Mesquita. A Lei n° 6.791/80 foi sancionada pelo Presidente João Figueiredo, portanto, completa 33 anos. Viva Jerônima Mesquita! E parabéns as mulheres brasileiras, pela sua participação na sociedade, seja como mãe, esposa, filha, trabalhadora e, em inúmeros papéis que desempenham.
Texto: Cristina Alencar é bibliotecária do HUBFS. E-mail: alencar@ufpa.br
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