Jacira Silva Neto, de 34 anos, deu entrada no Hospital Regional de Vilhena na manhã desta quinta-feira, 02 de maio. Moradora de Juruena, uma cidade com pouco mais de 11 mil habitantes no Mato Grosso, ela já havia sido internada por duas vezes com fortes dores abdominais em hospitais mato-grossenses, quando decidiu vir para Rondônia.
“Eu sentia dores terríveis no estômago. Não conseguia comer nada, pois logo vomitava. Nos hospitais onde me atenderam, o diagnóstico era sempre o mesmo: anemia profunda e infecção urinária. Me medicavam, mas eu não melhorava, então resolvi vir para Vilhena, onde tenho uma irmã que poderia me ajudar”, relata Jacira.
O que a mato-grossense não imaginava é que as dores estavam sendo causadas devido a uma gravidez extrauterina abdominal, ou seja, o feto estava se desenvolvendo fora do útero. Jacira estava perdendo muito sangue, e, por isto, a equipe médica que a atendeu, liderada pelo cirurgião Romoaldo Kelm e pelos auxiliares Ronaldo Ribeiro e Jaqueline Brito, rapidamente a encaminharam para uma cirurgia de emergência.
Já nos primeiros minutos da operação, que começou às 13h00 e só terminou depois das 17h00, os médicos se depararam com um caso raríssimo: o bebê estava alojado no intestino delgado da paciente. “Na hora, ficamos meio extasiados, pois este é um caso que acontece a cada 10 milhões, muito raro. Eu, como médico, nunca havia presenciado nada parecido com isto”, relembra Kelm.
Tratava-se de uma gravidez de 12 semanas, com feto bem desenvolvido. A equipe de médicos explica que o bebê estava sendo nutrido com a alça intestinal da mãe, porém, devido aos riscos à saúde dela, teve de ser retirado durante o procedimento, mesmo período em que faleceu.
“A paciente estava com muita hemorragia, caso não tivesse sido operada, provavelmente teria morrido ontem à tarde. Desde ontem, ela já utilizou doze bolsas de sangue e pode ser que precise de mais”, observa Kelm.
Um dia após a operação, Jacira se recupera bem, está lúcida e conversa normalmente. Entrevistada pela reportagem, ela declarou que de todas as possibilidades surgidas em sua mente, jamais pensou que estivesse grávida.
“Foi um choque muito grande. Não sentia ele se mexer dentro de mim e nenhum outro indicativo de gravidez, só sabia que tinha algo errado pelas dores insuportáveis e o inchaço no estômago de mais de trinta dias. Para completar, fazia dez dias que não conseguia ir ao banheiro”, diz.
Segundo os médicos, Jacira tem todas as possibilidades de levar uma vida normal e, inclusive, engravidar de novo, pois as trompas e todo o sistema reprodutor não foram afetados.
Mesmo abalada com a perda do filho, ela comemora pelo fato de ter sobrevivido à cirurgia. “Hoje posso dizer que nasci de novo, só tenho a agradecer a Deus e a equipe do hospital que têm me atendido muito bem”, conta emocionada.
Fonte: Priciele Venturini/Carlos Franco/Vilhena Notícias
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