A jornalista Danielly Tonin editora-chefe do site Gazeta MT, de Rondonópolis, diz sofrer ameaças por parte da cúpula da Prefeitura de Rondonópolis após a divulgação de uma reportagem que mostrava que no ano passado foi distribuído panfleto assinado pelo prefeito Zé do Pátio (PMDB) relatando as obras realizadas pela administração dele, ferindo o princípio constitucional da impessoalidade.
O secretário de Governo Gerson Araújo teria feito um convite estranho a ela chamando-a para comer um frango frito na hora do almoço, outras vezes anteriores disse que sem lembrava dela quando comia um bife. “Não entendi claramente o que ele quis dizer, mas senti que, se continuar publicando denúncias, estarei frita. Eu não entendo o porquê dessas analogia a bife, comida, almoço”. Ela registrou boletim de ocorrência na segunda-feira na Delegacia da Mulher.
Na terça-feira à noite, o carro da reportagem foi fechada por uma caminhonete S-10 preta em frente ao condomínio que ela mora, por volta das 19 horas. Ela anotou a placa e foi a Polícia Militar. Descobriu que o veículo pertence ao secretário de Finanças, Adão Nunis. Mas não soube dizer se era ela quem dirigia o carro. “Fui ao Cisc e registrei boletim de ocorrência”. Na tarde de ontem, durante a sessão ordinária da Câmara, um assessor de Pátio ficou a encarando.
Após a publicação da reportagem, ela diz ter recebido um email e ligações intimidatórias e resolveu deixar que os indícios de corrupção e desvio de recursos públicos ficassem a cargo da polícia e do Ministério Público. O promotor de Defesa do Patrimônio Público, Wagner Camilo, abriu inquérito civil para apurar crime de improbidade administrativa.
O MP requereu informações da administração sobre quantos panfletos foram confeccionados, em que época, qual gráfica, pediu cópias da nota de empenho, cheques emitidos para o pagamento. Sob sigilo, o MP investiga outras denúncias que a jornalista não deu prosseguimento. Embora não possa revela o teor, há indícios de desvio de dinheiro público.
Outro lado
O secretário de Finanças Adão Nunis disse que sequer sabe onde a jornalista mora e não fechou ninguém no trânsito. “Eu estava dirigindo meu carro. Essa jornalista trabalhou na prefeitura no ano passado, sabe que tenho caminhonete e pode ter anotado a placa aqui mesmo. Eu não ameacei ninguém”.
O secretário de Governo Gerson Araújo disse que ficou surpreso com as alegações da jornalista e nega que tenha feito ameaças a Danielly. Ele vai aciona-la judicialmente para que prove que ele a ameaçou.
O prefeito Zé Carlos do Pátio disse desconhecer as ameaças que teria sido feita pelos secretários e iria apurar o assunto.
Sindjor e Fenaj
Diante da denúncia da jornalista sobre ser alvo de ameaças, o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançou nota de apoio a Danielly Tonin.
O Sindjor se compromete a levar o caso ao secretário de Estado de Segurança Pública, Diógenes Curado. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), à qual o Sindjor-MT e a Fenaj são filiados, também se dispôs a informar à Organização Internacional do Trabalho (OIT). O Sindjor-MT se compromete ainda a marcar uma visitar a Rondonópolis, para um diálogo mais próximo com a sociedade sobre a complexidade da prática jornalística como um bem para a sociedade.
Fonte: De Rondonópolis - Débora Siqueira
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