Em meio às discussões e reclamações em razão do caos nas estradas de Mato Grosso, o senador e ex-governador Blairo Maggi (PR) admite que quando tomou a decisão de trazer a Copa do Mundo de 2014 a Cuiabá já sabia que o interior do Estado teria que ser “sacrificado” em prol da capital. Isso por conta da necessidade de destinar 50% do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) para a evolução das obras necessárias para o evento.
O discurso é um reconhecimento em parte da atual falta de investimento nas rodovias e que provocou a situação alarmante vista atualmente, com decretação de emergência em vários municípios por falta de acesso devido a estradas sem condições de tráfego. O republicano, no entanto, em mea culpa, declara que o restante dos 50% que sobraram do fundo deveriam estar sendo devidamente aplicados na recuperação e pavimentação de estradas.
“Quando tomamos a decisão de trazer a Copa para cá, sabíamos que o interior teria de ceder recursos para Cuiabá. Eu entendi, como governador, que o interior teria que dar a vez. Mas agora temos que cobrar que os outros 50% dos recursos do Fethab sejam destinados para as estradas. Nosso governo terminou e teve um sucessor. Se as coisas não estão bem, temos que cobrar do governador [Silval Barbosa]”, ressaltou.
Nos últimos quatro anos, cerca de R$ 500 milhões em recursos que deveriam ter seguido para manutenção das estradas estaduais foram desviados do Orçamento para arcar com as obras da Copa. O fundo, criado em 2000 para financiamento específico, como, por exemplo, construções populares, estaria sendo utilizado ainda para manter a folha de pagamento dos servidores, o que configura total desvio de função.
O setor produtivo mato-grossense, que sente com proximidade a negatividade desse desvio, é o que mais reclama. Rui Prado, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, já ameaçou entrar na justiça para pedir maior transparência no investimento do recurso. Ele afirma que o Fethab, da sua porcentagem que deveria estar sendo investida nas estradas, serve de verba para pagar os funcionários da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) e até mesmo da Secretaria de Cidades, hoje comandada pelo vice-governador Chico Daltro (PSD).
Entretanto, o secretário Maurício Guimarães, titular da Secopa, defende que o dinheiro do fundo não cai diretamente no caixa da pasta e garante que somente R$ 156 milhões foram utilizados para o custeio da Copa. O valor disponibilizado, ainda de acordo com o gestor, serve também como contrapartida para a construção da Arena Pantanal, e pode ser remanejado para outras secretarias na concretização de obras consideradas menores.
Estradas - As cidades de Porto dos Gaúchos, Castanheira, Juruena e Aripuanã são algumas das mais afetadas e declararam estado de emergência. Para tentar contornar a situação desastrosa, foram encaminhados para estes locais 700 maquinários para correção das irregularidades, contudo há ainda de se esperar a diminuição das chuvas.
Fonte: O Documento
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