O juiz federal Julier Sebastião da Silva está se transformando na “pérola” do jogo político em Mato Grosso. Mesmo sem definição precisa do quadro eleitoral de 2012, com o acirramento da disputa municipal, PT e PMDB já fecharam entendimentos para 2014: vão seguir unidas. Apesar dessa posição – alavancada pelo acordo político nacional - as duas siglas disputam o “passe” do magistrado federal, notabilizado por decisões judiciais de grande repercussão política – no caso, a filiação, para disputar o Governo do Estado. De seu turno, o juiz tenta se manter distante das colocações públicas, mas age nos bastidores.
“Futuramente assim, se você me perguntar: “Você pode vir a pescar?” Vou dizer, posso um dia vir aprender a pescar e assim por diante; então as coisas que virão a ser no futuro poderão ser analisadas no tempo próprio, como foi agora” – declarou o magistrado, em recente estada na cidade de Alta Floresta, onde foi proferir palestra sobre Lei da Ficha Limpa, em uma universidade.
Fontes do PT, no entanto, já tratam do projeto de 2014 abertamente. Até para “fechar” os entendimentos de 2012. A eleição para prefeito de Cuiabá é considerada chave fundamental dos projetos políticos com o PMDB. A sigla já decidiu, por exemplo, que vai manter os esforços para ter candidato próprio, no caso, a postulação do vereador Lúdio Cabral, que firmou entendimentos com a ala liderada pelo ex-deputado federal Carlos Abicalil – a quem combateu duramente na eleição passada ao Senado e que chegou a propor sua expulsão do partido.
A candidatura de Cabral tem um objetivo básico: evitar que o PT reforce as trincheiras, a exemplo da eleição passada a prefeito, do empresário Mauro Mendes, do PSB. Mendes havia sinalizado interesse em ter os petistas novamente como vice – e a opção recaia sobre a ex-senadora Serys Slhessarenko. Entre os projetos de Mendes, uma eventual candidatura ao Governo de 2014. Sem o PT na disputa deste ano, o virtual candidato do PSB acaba enfraquecido – o que favorece os projetos do PMDB, com a eleição do empresário de comunicação João Dorileo Leal.
A possibilidade do PMDB vir a ter o PT como vice em Cuiabá está descartada. A tese é rechaçada de plano por Abicalil e seu grupo. “Eles não aceitam jamais apoiar o nome de Dorileo” – disse um interlocutor para 24 Horas News. O motivo seria a dura campanha movida pelo Grupo Gazeta de Comunicação contra Abicalil por conta do episódio de apoio ao projeto de aborto. Outra “vítima” do grupo de comunicação foi o suplente Alexandre César por conta das suspeitas de Caixa 2 na campanha a prefeito.
Em troca de uma candidatura de viabilidade contestada, Lúdio Cabral teria recebido, ainda segundo fontes do PT, o aval para ser candidato ao deputado federal em 2014. Com ele, no projeto, Alexandre César – com quem faria a chamada “dobradinha” eleitoral. Isto é: trabalhariam juntos em busca dos votos.
“Lúdio declarou várias vezes que não seria candidato a vereador novamente. Tentou ser deputado estadual e não conseguiu. Para sair de cena, se lançou nesse projeto a prefeito. Fez um trabalho interno até certo ponto interessante e agora está com a candidatura consolidada” – avaliou um dirigente do PT, ao confirmar o entendimento de 2014 com o PMDB.
Vencida a questão municipal, no chamado “acordo de cavalheiros”, PT e PMDB se uniriam firmemente em favor da candidatura de Julier ao Governo. A articulação pode se esbarrar, porém, no senador Pedro Taques (PDT), de quem Julier é amigo pessoal. Taques vem entabulando sua candidatura ao Governo em 2014, amarrando seu discurso em oposição ferrenha ao governador Silval Barbosa. O senador pedetista já admitiu a interlocutores que gostaria de ter o “companheiro de batalhas judiciais” como candidato ao Senado Federal. Taques, por outro lado, tenta amarrar o apoio de Mauro Mendes – que desponta como candidato viável em todas as eleições.
Fonte: Edilson Almeida/ 24 Horas News
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