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sábado, 12 de novembro de 2011

O caso de Colniza

Em 2005 empresários e políticos de Colniza foram recebidos no gabinete do então governador Blairo Maggi. O grupo fez várias reivindicações e, dentre elas, uma para que se instalasse na cidade uma unidade do Grupo Especial de Fronteira (Gefron).

A missão do Gefron, como o próprio nome sugere, é atuar na faixa de fronteira com a Bolívia. Por essa razão, o pedido do grupo não foi atendido e nenhuma outra tropa especializada foi deslocada para aquartelamento permanente em Colniza.

Ontem, uma quadrilha armada atacou os bancos Sicredi e Bradesco em Colniza, distante 1.100 km de Cuiabá e que é sede de comarca e de município com 30 mil habitantes na divisa com Amazonas e Rondônia. Essa foi mais uma ação violenta do grupo que ganhou apelido de Novo Cangaço e que se dedica a arrombar caixas-eletrônicos, assaltar agências bancárias e a espalhar terror por onde passa em Mato Grosso.

Colniza é cidade-sede de um município maior que Sergipe ou Israel. Algumas de suas vilas distam mais de 150 km da cidade e as polícias Civil e Militar têm presença pouco mais que simbólica naquela localidade. Um lugar com essas características realmente precisa de força policial de elite e bem equipada, sob pena de se manter permanentemente como alvo preferencial de quadrilhas iguais à que ontem assaltou os dois bancos.

Mato Grosso insiste em fortalecer o Gefron, quando o ideal seria deixar a segurança na fronteira sob a tutela das Forças Armadas com a participação da Polícia Federal. No entanto, em nome de convênio com o Ministério da Justiça o governo mato-grossense teima em usurpar, no bom sentido, a atribuição da União no tocante ao combate ao crime transnacional que rouba veículos no Brasil e os transforma em moeda de troca para pagamento da cocaína boliviana do outro lado da fronteira.

O papel de Mato Grosso deveria ser o da firme e constante cobrança por mais segurança na fronteira e, para tanto, inclusive invocando o princípio federativo. Se assim o fizesse, seguramente Brasília não teria como se omitir. Mais: se o fizesse poderia desmobiliar o Gefron enquanto polícia de fronteira e adaptá-lo para atuar em áreas vulneráveis, como é o caso de Colniza.

Política de Segurança Pública exige visão mais ampla e integração dos entes federativos com cada um desempenhando o papel constitucional que lhe cabe. É preciso enxergar a continentalidade de Mato Grosso por suas peculiaridades, e Colniza é uma delas.

Se Colniza tivesse um efetivo de 40 ou 50 homens treinados e com as viaturas, armas e os equipamentos de comunicação do Gefron, o Novo Cangaço não se atreveria a atacá-la como o fez. Mais e sem deixar de reconhecer o profissionalismo dos oficiais e praças do Gefron: com ou sem essa força policial, o narcotráfico continuará agindo na fronteira.

Em síntese: na fronteira o Gefron tenta enxugar com a torneira aberta o chão cujo enxugamento é de responsabilidade da União. Ausente de Colniza, esse grupamento policial abre porteira ao Novo Cangaço.

Política de Segurança Pública exige visão mais ampla e integração dos entes federativo.

Fonte: Diário de Cuiabá

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