É fato que os políticos vão continuar gritando o velho lema: "Eu prometo!"
Vindo de Brasília, encontrei no avião uma edição da revista de bordo “Almanaque Brasil”, que traz uma matéria com o título “A elite não compreende a nova classe média”.
Este assunto me interessa há muito tempo e a partir da revista resolvi escrever este artigo, associando-o com as eleições municipais de 2012, as primeiras onde, efetivamente, a nova classe
média vai votar olhando a sua comunidade.
Em 1994, tempos anteriores ao Plano Real, a pirâmide social brasileira era formada por 2% de classe A, 6% de classe B e os 92% restantes, eram as classes C, D e E. Essas não influenciavam em nada o rumo da sociedade e, muito menos, das eleições.
Quem ditava mesmo o rumo era a classe B, compradora de carros novos, de apartamentos e casas novas, que viajava de avião, que ia à praia, e que punha filhos nas escolhas particulares e nas universidades públicas.
O Plano Real, em 1994, acabou com a inflação, manteve o poder de compra do salário, somou-se com a bolha mundial de crescimento, mais o aumento do salário mínimo acima da inflação, e as bolsas tipo família.
As classes Ae B, estão na casa dos 9%, a classe C descolou-se das D e E, e hoje responde por 55% da sociedade brasileira. Ganha entre R$ 1.150 e 4.500 por mês. Onde a classe B ia sozinha, hoje tem que levar a C e conviver com as ambições dela.
A classe B tem consolidado um projeto político coletivo individualista e permanente.
A classe C, nunca escolheu vereadores e nem prefeitos, que são os responsáveis por cuidar do território onde ela mora. Este ano será o primeiro.
O quem isso tem a ver? perguntaria o leitor. Tem muito!
Gente em ascensão, frequentando universidades, cursos técnicos que garantem empregos imediatos e firmes, shopping centers, lojas de grife, tem automóveis novos, casa nova, e amplo acesso ao consumo, tem de todas a mais clara ambição: jamais regredir.
Então, na primeira eleição em seu território físico, o bairro e a cidade, a classe C deverá falar para as urnas pela primeira vez.
A questão que fica é que linguagem a classe C quer ouvir dos pretendentes? Aquele tradicional “eu promeeeeeeeto...!!!” Gritado e falso, será que vai colar mais uma vez?
Colava antes, porque pouco importava votar neste ou naquele, porque a vida não mudaria. Agora que mudou, o que dizer a essa gente nova, trabalhadora, solidária e ambiciosa?
Fico aqui relendo o “Almanaque Brasil” e me perguntando: o que será que os políticos, no mais alto estágio de rejeição moral em que se encontram, vão dizer a esses rapazes e moças rebeldes e desassombrados?
Será que vão continuar gritando velhas promessas falsas: “Eu promeeeeeeeeeeeeeeeeeto!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!”. Duvido que sejam escutados.
Por: *ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
onofreribeiro@terra.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário