Reserva Kayabi pode ampliar de 117 mil hectares para 1.053 milhão. Com expansão, produtores não poderão usar jazida de calcário.
Uma área de aproximadamente 500 mil hectares, localizada na região Norte de Mato Grosso, virou alvo de disputa entre produtores e indígenas. A ampliação de 117 mil hectares para 1.053 milhão de hectares da reserva Kayabi, localizada entre os municípios de Jacareacanga, no Pará, e Apiacás, em Mato Grosso, virou motivo de temor para os produtores da região. Isso porque, segundo representantes do setor, o aumento da área irá apropriar uma jazida de calcário, que é considerada um importante insumo para a produção agropecuária.
Nesta sexta-feira (2), representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), se reúnem em Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, para promover uma manifestação que visa à exploração comercial da jazida.
Do lado dos indígenas, a Fundação Nacional do Índio (Funai) deixou claro que pretende brigar pela área que, segundo a entidade, pertence aos Kayabi desde 1915. Em nota, a assessoria explicou que o processo judicial, que impedia a demarcação da referida terra indígena foi extinta, e que já protocolou o pedido de ampliação da reserva no Ministério da Justiça em agosto deste ano. A intenção é ocupar a mais 382 mil hectares de terras localizadas em Mato Grosso e 554 mil hectares que ficam no território do estado do Pará.
“A área em questão, do lado de Mato Grosso, está localizada a jazida de calcário de Apiacás onde existem 200 propriedades rurais cujas famílias vivem sem nenhuma segurança jurídica”, explica o diretor da Acrimat, Mário Candia. Conforme ele, “a população de Apiacás já perdeu 1,1 milhões de hectares de terras para o Parque Nacional do Juruena e não merece ficar sem essa riqueza”.
O representante da Acrimat na região Norte mato-grossense, Celso Crespim Beviláqua ressalta que a área, transferida pela União ao estado de Mato Grosso na década de 50, foi adquirida por produtores de todo Brasil com títulos de propriedade há mais de 30 anos através dos projetos de colonização.
A jazida mais próxima dessa região fica no município de Nobres, a 151 km de Cuiabá, com distâncias que variam de 500 a 1.200 quilômetros. Segundo levantamento dos produtores, a distância ideal para transporte de calcário, com sustentabilidade econômica não deve ser muito superior a 200 quilômetros.
De acordo com Beviláqua, o calcário é essencial para aumentar a rentabilidade do setor. “Com o uso do corretivo no solo e a adubação podemos aumentar em cinco vezes a produtividade da área. O que, consequentemente, é essencial para a economia do estado. Além disso, haverá aumento de produção sem precisar abrir novas áreas, apenas usando aquelas que estão degradadas”. A região Norte é composta por 17 municípios e é está localizado o maior rebanho do estado, com mais de 6 milhões de cabeças.
Em Mato Grosso, segundo o último levantamento da Companhia Mato-grossense de Mineração (Metamat), há 20 unidades moageiras de pó calcário, com uma produção média de 2 milhões de toneladas por ano. As principais jazidas de calcário estão nos municípios de Nobres, Paranatinga, Cocalinho, Tangará da Serra, Alto Garças, Alto Araguaia e Alto Taquari.
Fonte: Vivian Lessa Do G1 MT
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