Índios cobram pedágio de até R$ 100 na MT-170 em Juína; Eles reivindicam melhorias na saúde

Fonte: Ivan Pereira, JNMT   

Os índios que ocuparam a ponte sobre o Rio Juruena na tarde desta segunda-feira continuam no local com dois bloqueios. A passagem pelo local, somente mediante ao pagamento que varia de R$ 30,00 (moto), até R$100,00 ônibus e caminhões. O JNMT esteve no local nesta manhã de feriado e os indígenas afirmaram que continuam no local até conseguirem recursos suficientes para levar um grupo de índios a Brasília. “Se for preciso ficar 60 dias aqui, vamos ficar” – contou um indígena.

Os indígenas reivindicam melhorias para a saúde na aldeia. Atualmente os mais de 615 índios da etnia Enawenê-nawê, precisam percorrer 180 quilômetros de barco para ter acesso a estradas. “Às vezes não dá tempo de trazer um parente nosso para a cidade e acaba morrendo” – alertou.

Os cerca de 120 índios chegaram em pelo menos 26 barcos na tarde de ontem (14) e obstruiu a ponte a partir das 16 horas.  Grandes empresas, principalmente de viação, estão preocupadas com a situação, já que precisam passar pelo local em alguns casos, 15 vezes ao dia.

Segundo o indígena Dalaymace, uma série de documentos já foram encaminhados para o Ministério Público Federal e para a presidência da Funai, mas até agora, não tiveram os problemas resolvidos. “Cansamos de ficar mandando papel e nada de resolver nossos problemas” – desabafou.

O coordenador regional da Funai Antônio Carlos de Aquino explicou por telefone ao JNMT que os índios enfrentam um verdadeiro caos. “São crianças com gripe, diarréia e faltam medicamentos” – alertou.

Veja na íntegra o documento divulgado pelos índios em Juína sobre dificuldades:

Aldeia Halataikwa, 13 de novembro de 2011

Nos da comunidade Enawenê-nawê, informamos aos senhores que estamos arrecadando dinheiro através deste protesto para irmos a Brasília reivindicar melhorias no atendimento a saúde, estrada para nosso povo, somos uma comunidade isolada de 615 pessoas com acesso somente por água, por muitas vezes reivindicamos melhoria através de documentos, mas o governo não nos atende, recebemos somente papeis com promessas mentirosas, estamos cansados, tempos medo de perder nossas crianças e velhos, por isso estamos aqui.

Para finalizar, os indígenas estipularam o valor a ser cobrado de cada veículo.

Ônibus e Caminhão – R$ 100,00

Caminhonete – R$ 50,00

Moto – R$ 30,00